“A televisão não vendo. Vou fazer de tudo para não vender. Mas as demais empresas, por que não? Estou com quase 80 anos e não tenho interesse especial em bancos ou indústrias de cosméticos. Posso vender empresas e ficar com a televisão, que penso em deixar para as minhas filhas que se interessam por comunicações. Uma delas, a Daniela, já mostrou que gosta de televisão”, afirmou aquele que é considerado o maior comunicador do país.
O Fuxico selecionou os principais trechos da entrevista feita pelo jornalista Felipe Patury, na qual Silvio também falou sobre a possibilidade de rombo feito por executivos do banco e garantiu que não foi pedir ajuda ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Confira:
Como soube do rombo do banco
“Era o dia 11 de setembro, um sábado de gravação como outro qualquer. Em um dos intervalos me entregaram um telefone celular e disseram que era urgente. Pensei nas minhas filhas. Elas estavam viajando, e fiquei preocupado. Não eram elas. Era o presidente da holding. Ah, não...! Em sábado de gravação não falo sobre questões empresariais. Mandei-o ligar depois. Bem, era a questão do PanAmericano. Disseram-me que o Banco Central já estava trabalhando lá dentro fazia três semanas e que tinha sido encontrado um rombo contábil bilionário. Foi um baita susto. Como o Banco Central estava havia três semanas em meu banco e não me informavam de nada? E as auditorias que davam tudo como perfeito?”
Golpe?
“O que está me parecendo agora, mas não estou 100% certo, é que a operação era mesmo deficitária e os executivos, também para garantir seus prêmios, falsificaram a contabilidade. Saíam 50 mil reais, por exemplo, e os caras registravam como se tivesse entrado 50 mil reais. Demiti todos eles. Mas só saberemos exatamente o que houve quando as investigações terminarem.”
Aposentadoria
“Eu estava pensando em me aposentar no ano que vem. Claro, né? Só faltava eu apresentar o programa já bem velinho e de bengala. Vou adiar o plano de aposentadoria. O problema com o banco me fez buscar energias para entender o que está acontecendo e para negociar. Não tenho porque estar abatido. Meu banco quebrou, mas não dei prejuízo ninguém, não peguei dinheiro público, ofereci garantias de sobra pelo empréstimo e ainda tenho dez anos para pagar.”
Presidente
“Tive mesmo uma reunião com Lula quando o problema do PanAmericano já estava detectado, mas não pedi nada ao presidente, até porque nesses casos ele não pode fazer nada. Eu fui pedir a ele para abrir o Teleton. Nem toquei no assunto do banco, Lula não poderia fazer nada, mesmo se quisesse. Ah, ele acabou não doando os 13 mil (valor pedido pelo apresentador para a maratona televisiva de caridade, em prol da AACD).”
Dívida
“Acho que negociei bem com o Fundo Garantidor de Créditos o FGC. Eles queriam que eu pagasse juros sobre aquele valor. Eu disse que juros não pagaria. Aceitei apenas corrigir o desgaste inflacionário em cima do dinheiro. Tenho dez anos para pagar, com três anos de carência. Isso significa que a primeira parcela vence em junho de 2014. Até lá, tenho só de cobrir a inflação. É uma pancada, mas posso pagar desde que venda algumas das minhas empresas, a participação do banco...”
O Rei e o prazo
“Muita coisa pode acontecer em dez anos. Você conhece a história do rei que adorava coisas estranhas? Era uma vez um rei que adorava coisas estranhas. Sabendo disso, um espertalhão abordou o dono de um elefante e propôs levarem o animal até o palácio e vendê-lo ao rei dizendo que o bicho falava. O rei mandou o elefante falar – e nada. O espertalhão se adiantou e informou que levaria vinte anos para o elefante falar e, enquanto isso, ele e o sócio deveriam ser hóspedes usufruindo toda a mordomia da corte. O rei topou e disse: daqui a vinte anos, se ele não falar, vocês serão torturados até a morte. O dono do animal ficou apavorado. O espertalhão nem aí, com ar triunfante, disse: em vinte anos o rei pode morrer, o elefante pode morrer e até nós podemos morrer.”
Publicado pelo site O Fuxico, 14/11/2010 | 11:57

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