Dorival Júnior não é mais o técnico do Santos. A cúpula ficou encurralada com a decisão do treinador de manter Neymar afastado por tempo indeterminado, tirando a principal arma do time do clássico contra o arquirrival Corinthians, às 22h desta quarta-feira, na Vila Belmiro, e resolveu demiti-lo, após reunião de quase três horas. O receio era o desgaste político que atual administração sofreria no caso de uma derrota se Neymar não estivesse em campo.
O ex-volante Narciso, técnico do sub20, deve dirigir o time interinamente até a contratação de um novo técnico. A informação foi confirmada por fontes ligadas à diretoria, que não se pronunciou até o fim da noite desta terça-feira (21). Com a queda do técnico, Neymar está confirmado no clássico.
Nas primeiras horas da noite desta terça-feira os principais dirigentes do futebol e assessores com muito poder se reuniram com o vice-presidente da diretoria Odílio Rodrigues no Hotel Recanto dos Alvinegros, anexo ao Centro de Treinamento Rei Pelé e onde os jogadores estão concentrados à espera do clássico com o Corinthians, na Vila. O presidente Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro não estava presente porque está internado em um hospital da capital para fazer uma pequena cirurgia para remoção das bolsas das pálpebras, mas participava por telefone. Dorival Júnior também não participou.
Depois que Neymar xingou Dorival Júnior, Edu Dracena e Marquinhos durante o jogo contra o Atlético-GO, quarta-feira passada, na Vila Belmiro, o clube passou a viver um verdadeiro inferno. Na reunião da sexta-feira passada, o treinador exigia a punição do garoto mimado por tempo indeterminado. A diretoria empurrou com a barriga para ganhar tempo.
No sábado cedo, um batalhão de dirigentes procurou mostrar ao treinador que o patrimônio mais valioso do Santos estava sendo exposto de maneira negativa e que em caso de uma punição mais drástica, o candidato a mito ficaria com a imagem desgastada. Dorival se manteve irredutível, diante da indignação do seu braço direito, o auxiliar técnico Ivan Izzo. Ele não perdoa a ousadia de Neymar ao atirar isotônico na sua direção durante discussão nos vestiários, após o jogo de quarta.
De um jeito ou de outro, ficou decidido na reunião de sábado que Dorival Júnior mais uma vez não falaria com a imprensa para não dar detalhes sobre a punição de Neymar. Para efeito externo, seria por tempo indeterminado e com nova rodada de negociações entre o técnico e os dirigentes na segunda-feira. Mas internamente foi combinado que Neymar não treinaria no domingo, apareceria de surpresa em Campinas e, num gesto de arrependimento, voltaria a pedir desculpas a todos e até participaria da oração do time pouco antes do jogo.
Tudo saiu perfeito. Por pouco Neymar não jogou contra o Guarani, sob a alegação de que Marcel teve indisposição (estava gripado) durante o aquecimento. Tudo corria normalmente até que nesta terça à tarde, quando Dorival Júnior repensou o seu futuro como treinador e fez valer o seu perfil de homem correto e rompeu o acordo, tirando Neymar do clássico contra o Corinthians.
A decisão foi difícil demais para o treinador, que demonstrou nervosismo durante a coletiva de imprensa. Nela ele repetiu que vem sendo um gerenciador de problemas no Santos, referindo-se aos seguidos atos de indisciplina que teve que enfrentar durante o período em que Robinho esteve no Santos e depois de sua segunda passagem pelo clube.
"Vamos dar um tempo para que Neymar se recupere em todos os sentidos. Estou fazendo o melhor para o atleta. É bom para ele e para o clube não sei", disse o treinador na coletiva de imprensa. Ele revelou ter conversado com treinadores com maior rodagem antes de tomar a decisão durante o desinteressante rachão desta terça à tarde, no CT Rei Pelé. Em alguns momentos, ele parecia aliviado por não ter compactuar com a indisciplina e a insolência de um garoto de 18 anos e por não ficar marcado como um treinador frouxo, comprometendo sua carreira que em apenas sete meses foi enriquecida com os títulos do Campeonato Paulista e da Copa do Brasil, além de ter montado o time mais badalado do país nos últimos anos.
* Fonte: Agência Estado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário